“Continuar a ser a voz de Ovar na Assembleia da República”

Atualmente a desempenhar funções de deputada na Assembleia da República, Carla Madureira é recandidata a este cargo pelo círculo eleitoral do PSD de Aveiro

Que balanço faz sobre a legislatura que se iniciou em 2019 e terminou com a dissolução do Parlamento face ao chumbo do Orçamento de Estado para 2022?

Se nós olharmos para os dossiers que interessavam ao distrito de Aveiro no início desta legislatura e se olharmos para o fim da mesma, o que nós vemos é que esta ficou aquém daquilo que era esperado. Acreditamos que os investimentos necessários para o distrito de Aveiro não foram contabilizados e ficamos na expectativa de algum que pudesse ter acontecido, mas a verdade é que, de facto, este governo socialista, em relação ao distrito, marcou passo. Esta é a mensagem que importa transmitir.

Se nós olharmos para alguns trâmites estruturantes, como por exemplo para a defesa da nossa costa, não conseguimos perceber como é que o Governo e o seu Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) não destina um cêntimo que seja para este assunto. Isso parece-nos muito grave, tal como a forma como passam ao lado infraestruturas importantes para o distrito de Aveiro, como algumas ligações que são reivindicadas há tanto tempo por esta população.

Convém lembrar que estamos a falar de um distrito com uma capital importância no país. Estamos a falar de um distrito que produz muito, que exporta muito e que tem um peso significativo no desenvolvimento do próprio país.

O Partido Socialista voltou a marcar passo nos dossiers que interessavam ao distrito de Aveiro e ao concelho de Ovar em particular.

No período supramencionado, o que é que ficou por fazer no distrito de Aveiro?

Desde logo, a defesa da costa. Para nós foi gritante este esquecimento do Governo com o problema da erosão costeira e do avanço da linha do mar no distrito de Aveiro. Chegando ao poder, como acreditamos que vamos chegar, teremos que, rapidamente, encontrar aqui a solução para afinar a estratégia que nos vai garantir que as obras da defesa da costa vão ser uma realidade e que a proteção das pessoas vai estar assegurada. Não estamos só a falar de perder praia, mas também de pessoas que podem perder os seus bens, como a sua própria casa.

Temos, também, a linha ferroviária que liga a nossa capital de distrito ao Porto. Não entendemos o porquê desta empreitada ter parado no município vareiro e não queremos acreditar que tenha sido por influência política que esta obra saltou de Ovar para o município de Vila Nova de Gaia – que tem governação socialista. Esta linha serve, diariamente, muitos e muitos ‘aveirenses’ e faz uma ligação entre polos muito importantes (Porto e Aveiro). Temos ainda a ligação rodoviária até Espanha com origem em Aveiro, na qual não vimos qualquer evolução. Existem outros exemplos, como o novo rodoviário na A1, a via rápida de acolhimento empresarial que liga Anadia e Oliveira do Bairro, o prolongamento da estrada nacional 224 para a Murtosa, uma reivindicação antiga da população que é a variante de Chão de Ave a Carregosa na A32 ou a ligação do nó Feira-Arouca. Estes são apenas alguns assuntos que nós consideramos que não podiam ter ficado esquecidos e quando o PRR não os prevê, significa que o estado abandonou estas pessoas e não teve o interesse em salvaguardar algumas das suas reivindicações. Estas questões das ligações esquecidas no PRR ou a defesa da costa são mesmo falhas que, em dois anos, podemos apontar para a gestão socialista do distrito de Aveiro. Saudamos, naturalmente, a questão da inclusão do IC35, que veio fazer uma ligação entre Sever do Vouga e o IP25. Outro tópico que podemos assinalar é os avanços do eixo rodoviário entre Aveiro e Águeda, que nasce do trabalho efetuado por estes dois municípios.

Na área da saúde, falamos de dois anos de pandemia, período onde o país viveu com dificuldades e Aveiro não é exclusão. Se quisermos particularizar para o concelho de Ovar, basta vermos o problema que foi com a cerca sanitária e as dificuldades que os vareiros viveram nesse tempo. Não entendemos a razão pela qual o Governo não deu atenção ao projeto de resolução que a Assembleia da República aprovou, que previa medidas discriminatórias para o município de Ovar e que tinha uma série de medidas para esta população vareira, que sofreu como nenhuma outra no país. Foi a primeira a vivenciar uma cerca sanitária, esteve muito tempo fechada com as implicações que tudo isso provocou na economia ou na saúde e o Governo fez orelhas moucas a esse tal projeto que a Assembleia da República aprovou.

Que leitura lhe merece a lista de candidatos apresentados pelo Partido Social Democrata de Aveiro?

A constituição de listas é um processo que implica a direção distrital, ouvidas que são as concelhias e a direção nacional do partido. A escolha de pessoas e de lugares é um processo difícil para todos. Um processo para quem tem de definir, um processo para quem indica – porque os presidentes da concelhia tiveram que indicar os seus candidatos – e esta realização de listas, esta nomeação de pessoas, é sempre um processo difícil e que não vai agradar a todos. É um processo de responsabilidade da comissão política distrital e nacional e aqui, no caso particular de Ovar, o município terá de estar satisfeito por ver o um candidato em lugar elegível. Isto é o reconhecimento da importância que Ovar tem na distrital do PSD e, naturalmente, do trabalho que foi feito ao longo desta legislatura.

Independentemente das pessoas, o que está aqui em causa é reconhecer a competência destes candidatos. É saber que o PSD apresenta uma lista com grande valor, candidatos com experiência acumulada quer nos lugares partidários que já ocuparam ou ocupam ou nas provas que já deram na sociedade civil e profissional. É o reconhecimento que está ali um conjunto de pessoas que tem formação, que vai ser uma mais-valia no desenvolvimento do seu trabalho na Assembleia da República nas diferentes áreas e isso é importante. Saber que as pessoas que fazem parte desta lista foram escolhidas pelo seu mérito, pela sua competência, pela sua dedicação e que agora, juntas, serão capazes de dar um grande contributo para a defesa do distrito de Aveiro é importante. Acredito que o PSD é o partido que apresenta a lista mais bem preparada para o cargo de deputado.

Analisando o programa eleitoral do PSD, quais são as medidas que mais urgem implementar no distrito de Aveiro?

São as que já referi e que ficaram por fazer. Analisando as propostas que o PSD de Aveiro apresenta aos eleitores do nosso distrito e acreditando que vamos ser o Governo, garantimos aos ‘aveirenses’ que o partido será capaz de fazer melhor do que o PS. Garantimos às pessoas que os seus candidatos, junto com a força que terá o seu governo, farão aquelas obras que foram interrompidas neste ciclo de dois anos. As questões das infraestruturas, por exemplo, são muito importantes. Os eixos rodoviários são importantes porque garantem uma ligação mais rápida, facilitando a capacidade de deslocação. Os empresários têm aqui vias de comunicação para potenciar os negócios, podendo exportar os seus produtos de forma mais rápida. Naturalmente que a economia beneficiará com tudo isto, pois haverá mais competitividade e poderá gerar mais riqueza, mais emprego. O Partido Social Democrata vai gerar sinergias que serão benéficas para o distrito de Aveiro.

Consultando o nosso programa para Aveiro, vemos exatamente a nossa preocupação com estas questões particulares das ligações que não foram feitas ou da defesa da costa, assim como o trâmite da linha ferroviária, entre outras assuntos que consideramos essenciais para o nosso distrito.

Aveiro é um distrito muito rico em turismo. Do Douro até ao Buçaco, falamos de um enorme potencial. Temos turismo de serra, turismo de natureza, turismo de praia, turismo religioso, turismo de eventos ou turismo industrial. Esta riqueza tão grande não pode ser descurada, mas sim aproveitada. Somos um distrito com características ímpares no nosso Portugal. Se olharmos para o programa do PSD, vemos que o turismo tem também uma importância capital.

Além deste potencial turístico, temos a questão da indústria. O país tem de perceber que Aveiro tem muita importância e o próximo Governo tem de criar aquilo que falta para o distrito. Não podemos pensar em desenvolver a nossa indústria ou a nossa economia quando depois não damos as ferramentas para que os empresários possam investir no distrito. Daí a importância daqueles apontamentos que o PRR deixou de lado, pois eles fazem toda a diferença para podermos alavancar Aveiro.

O que é que os ‘ovarenses’ podem esperar da Carla Madureira, caso seja eleita?

Podem esperar aquilo que lhes prometi há dois anos: continuar a ser a voz de Ovar na Assembleia da República. Há dois anos atrás dizíamos que “Ovar tinha em quem votar” e, de facto, teve. Teve alguém que nunca esqueceu o compromisso para com a população. Se pegarmos no manifesto eleitoral de 2019, percebemos que os objetivos propostos foram cumpridos e isso só foi possível com esta política de proximidade que defendo. As pessoas têm de estar próximas daqueles que os elegem e o estar próximo significa ouvi-los, estar sempre disponível para os receber. Foi isso que fiz e que me comprometo a continuar a fazer com as pessoas de Ovar. Continuar a estar próxima, continuar disponível para ouvir as pessoas de Ovar e continuar a ser a voz de Ovar na Assembleia da República.

Quais são os assuntos que marcam a atualidade em Ovar e que merecem a atenção do Partido Social Democrata?

Existem alguns dossiers que dizem respeito ao concelho de Ovar, mas que são transversais ao resto do país. A defesa da costa é um deles e já foi aqui debatido.

Temos o trâmite da saúde. Sentimos que as pessoas de Ovar perderam a confiança naquilo que o Ministério da Saúde lhes dizia. A pandemia foi desculpa para algumas situações que aconteceram, mas a verdade é que, ao dia de hoje, temos uma Unidade de Saúde Familiar (USF) em Arada que está encerrada por falta de pessoal de secretaria. Temos a USF da Barrinha com falta de profissionais da área da saúde. Esta imagem da saúde em Portugal é também o reflexo daquilo que se vive no município de Ovar. Há outro assunto importante no ponto que diz respeito à saúde, que é a questão das obras do bloco operatório no hospital Dr. Francisco Zagalo, em Ovar. Vários secretários de estado vieram à cidade anunciar a obra, foi aprovado um projeto de resolução na Assembleia da República que recomendava ao Governo o investimento no bloco operatório do hospital de Ovar, mas até hoje e mesmo depois de terem sido anunciadas as verbas que permitiriam o lançamento da obra, ainda nada se iniciou – que tenhamos conhecimento. Mesmo tendo sido disponibilizado verbas, a verdade é que nós continuamos a entender que as populações de Ovar, nomeadamente os profissionais de saúde do hospital Dr. Francisco Zagalo, ainda não viram as suas condições de trabalho melhoradas. A questão da saúde é verdadeiramente preocupante. Quando as pessoas ligam para uma Unidade de Saúde Familiar e ninguém lhes atende o telefone, é preocupante. As pessoas queixam-se porque não sentem que os cuidados de saúde primários estejam a ser acautelados. Por exemplo, a USF de Arada está encerrada, mas Câmara Municipal, mais uma vez, está-se a substituir ao estado e a efetuar as obras necessárias. Esperemos que não aconteça naquela freguesia o que aconteceu em Maceda, quando o município também investiu na recuperação do edifício para que ali fosse instalada a sua Unidade de Saúde Familiar, mas o que aconteceu é que este encerrou e não voltou a abrir. Esse espaço está, agora, a ser aproveitado para o Centro de Vacinação de Ovar.

A saúde é uma preocupação, assim como é a educação. Vimos por duas vezes aprovado um projeto de resolução para a melhoria da escola secundária de Esmoriz e, mais uma vez, o Ministério da Educação fez orelhas moucas às recomendações da Assembleia da República. Isto leva-nos a querer que aquele ministério vai “empurrar com a barriga” a responsabilidade das obras para as autarquias, neste caso para a CMO, justificando com a descentralização de competências para os municípios.

Estas são apenas algumas questões da falta de investimento do Partido Socialista no concelho de Ovar. Estão aqui alguns exemplos, mas temos outros, como a estrada nacional 109. Não há um projeto profundo num eixo importantíssimo, que liga o concelho de norte a sul e que voltou a ter mais trânsito desde que foram colocadas as portagens na A29. O Governo queria dar um envelope ao município de Ovar para que este assegurar a responsabilidade das obras, mas o valor foi abaixo daquilo que o projeto prevê. O Ministério das Infraestruturas não estava a ser sério quando pede à câmara municipal para fazer as obras de melhoramento numa estrada que é da sua responsabilidade dando-lhe um cheque com um valor muito inferior àquilo que é preciso investir. É preciso fazer um investimento nesta estrada, à semelhança daquela questão da linha de comboio – não se consegue mesmo perceber, por mais explicações que nos dão, como é que esta parou em Ovar e saltou para Vila Nova de Gaia.

Estas questões de fundo que estão por fazer preocupam o município de Ovar, apesar das nossas reivindicações. Esse é o nosso papel na Assembleia da República: é alertar para a necessidade de fazer algo e pressionar as pessoas competentes para o fazer. Isto foi aquilo que nos comprometemos a fazer e foi aquilo que fizemos. Quando chegámos à Assembleia da República pegamos nos dossiers do município de Ovar que são da competência do estado português e chamámos à atenção dos diferentes ministérios para aquelas preocupações das gentes do nosso território. Não me canso de ser uma pessoa reivindicativa das pessoas de Ovar na Assembleia da República. Vamos pegar nos dossiers esquecidos e trabalhar para os ver concretizados e só vamos descansar quando os virmos terminados.

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