Francisco Pessegueiro nega que entregou 50 mil euros a Miguel Reis

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Na passada sexta-feira, 27 de Setembro, realizou-se a terceira sessão do julgamento do caso Vórtex, no Tribunal de Espinho. Na sessão da manhã Francisco Pessegueiro continuou a afirmar que Miguel Reis lhe pediu uma “taxa de urgência” para aprovar os seus projectos, mas que não lhe entregou o dinheiro “por mera casualidade”. O arguido confirmou ainda que o ex-autarca lhe pediu um “adiantamento de 5000 mil euros das taxas de urgência e que os entregou numa pasta preta”.  À saída do tribunal Miguel Reis disse aos jornalistas que “lhe foi feito um cerco”, que será “atempadamente desmontado”.

Sob a instrução do juiz Carlos Casa Azevedo, a sessão da manhã iniciou com a continuidade das declarações de Francisco Pessegueiro que continuou a afirmar que Miguel Reis lhe pediu 50 mil euros para aprovar os projectos da 32 Nascente e do Lar Hércules.  Segundo o empresário, o valor pedido pelo ex-autarca era “uma taxa de urgência”. Francisco Pessegueiro disse ter aceitado porque se sentia “encurralado”. “Tinha dois projectos e não tinha nada em Maio,”; disse. Por outro lado, segundo o empresário, os projectos já se encontravam na câmara para aprovação há muito tempo e se não fossem aprovados até ao final do ano de 2022 “devido a uma cláusula resolutiva teria que pagar 1 milhão de euros a Paulo Malafaia”. No entanto, o empresário Francisco Pessegueiro acabou por afirmar que os 50 mil euros “não foram entregues ao arquitecto Miguel Reis por casualidade” e que “ia entregar no início do ano”. “Era Natal. Andava atrapalhado. E nesse dia tive uma audiência às 15h no Tribunal do Trabalho, em Santa Maria da Feira.”, contou.

Após estas declarações o juiz questionou Francisco Pessegueiro da razão pela qual mentiu no interrogatório. O arguido disse que o fez por uma questão de lógica. “Estava no estabelecimento de Custóias, já não via as minhas filhas há muito tempo e como tinha dito que ao Pinto Moreira tinha entregado”. “Estou aqui para repor a verdade.;” afirmou ao juiz.

“Se soubesse o que sei hoje não me tinha metido na construtora. Não tenho jogo de cintura para negar coisas ou ir ao Ministério Público comunicar o que se estava a passar. Risquei a construtora da minha vida.”; continuou.

Para Francisco Pessegueiro a concretização do negócio ia aumentar a sua credibilidade junto da família para poder tomar conta dos negócios. Segundo o arguido, o pai era “conservador e ditador e tinha dificuldade em ‘passar a pasta’”. “O meu discurso com o meu pai e a minha mãe eram de promover-me para ele acreditar em mim.”, contou.

Quando o juiz lhe questionou como Miguel Reis ia fazer para avançar com os projectos, Francisco Pessegueiro disse que ele lhe tinha dito que “ia cumprir com o PDM e cumprir o que o arquitecto Castro e Silva dissesse.”; contou. “O que eu pretendia era que os projectos andassem.”, declarou ao juiz.

Ao ser questionado pelo juiz sobre uma entrega de 5000 mil euros a 20 de Setembro de 2022, Francisco Pessegueiro disse que Miguel Reis, no final de uma Reunião de Câmara Extraordinária, no final do mês de Agosto lhe tinha pedido “um adiantamento das taxas de urgência”.  O empresário confessou ao juiz que entregou os 5000 mil euros “numa pasta preta, fechada com agrafos. Não vi o dinheiro., “confessou.

A procuradora do Ministério Público quis saber como Francisco Pessegueiro se comunicava com Miguel Reis, este respondeu que o fazia por telefone desde Agosto ou Setembro de 2022.  A certa altura, Francisco Pessegueiro contou que Miguel Reis marcou o jantar de aniversário da esposa para o seu restaurante e que o funcionário lhe ligou “a perguntar o que queria fazer”. O arguido deu a indicação que “o jantar teria bolo, champanhe e que a conta ficava por nossa conta,” continuou. Durante o jantar o empresário recebeu uma mensagem de Miguel Reis a dizer que “era a melhor salada de búzios do mundo”. A procuradora referiu várias conversas das escutas, e numa delas Francisco Pessegueiro dizia sobre Miguel Reis: “já se pôs a jeito”. “Está carregadinho de fome”.  De seguida o juiz confronta o arguido dizendo-lhe que no tipo de abordagem nas “as escutas demonstram que Francisco Pessegueiro se acercou de Miguel Reis para conseguir favores”. “Não conseguia medir o que ele me ia pedir.”, respondeu Francisco Pessegueiro. “Oferecer dinheiro ao arquitecto Miguel Reis? Eu considerava que era uma afronta.”, acrescentou.

À saída para a pausa de almoço o ex-autarca Miguel Reis disse aos jornalistas que tal como na tradição espinhense da Arte Xávega “lhe foi feito um cerco” que será “atempadamente desmontado”.

A sessão da tarde do julgamento do caso Vórtex iniciou-se cerca das 15h, devido a um juiz do colectivo ter outra sessão de outro processo que envolvia arguidos em prisão preventiva.

Francisco Pessegueiro continuou a ser interrogado pela procuradora do Ministério Público, que quis ouvir o interrogatório de Francisco Pessegueiro, depois de este ter sido detido, e no qual assumia ter entregado 50 mil euros a Miguel Reis. No interrogatório o empresário confirmava a entrega do dinheiro ao ex-autarca no dia 21 de Dezembro de 2022: “Encontramo-nos no 20 Intensus, aquilo faz uma zona de galeria, tem uma coisa de arranjos. Entreguei num saco normal, dos talhos. Fui buscar ao cofre e entreguei-lhe. Levantou-se, ele foi para Sul e eu vim para Norte. Não conversamos nada sobre dinheiro. Levantei 50 mil euros dias antes para fundo de caixa do cofre, no início de Dezembro. Tirei o dinheiro que estava em montinhos e meti no saco.”

“O dinheiro no cofre ainda tinha as cintas agrupadas, eram notas de 50 euros em montinhos de 5 mil euros. Cada montinho tinha a sua cinta. Meti dentro de quatro ou cinco sacos do talho, fechei e entreguei-lhe”, ouvia-se na gravação das declarações de Francisco Pessegueiro.

Leia o artigo na íntegra na edição nº388 do nosso jornal.

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