Na sessão de esclarecimentos sobre a Linha de Alta Velocidade (LAV) na passada segunda-feira 14 de Abril no Centro Multimeios de Espinho foi apresentado e debatido o traçado previsto para o corredor que passará no Concelho de Espinho, mais concretamente na União de Freguesias de Anta e Guetim. Oito casas ficarão comprometidas, alguns terrenos e o Complexo Desportivo de Cassufas também serão afectados. A LusoLav consórcio responsável pela empreitada da LAV entre o Porto e Oiã apresentou o novo traçado e respondeu a questões da população que esteve bem representada nesta iniciativa. A presidente da Câmara Municipal de Espinho, Maria Manuel Cruz garantiu que a autarquia irá debater-se para que sejam realizadas alterações, como o aumento do comprimento dos túneis. “Não significa que este seja o traçado definitivo.”, disse.
O administrador da LusoLav, Rui Guimarães começou por reiterar o “pedido de desculpas” pela abordagem inicial da empresa no concelho e disse que não prevê problemas no processo de expropriações dado o historial da empresa de 90 por cento no alcance de acordos em outros projectos. Por outro lado, referiu que a proximidade com o Concelho de Gaia onde irá haver uma estação, permitirá aos cidadãos de Espinho usufruir de uma nova infraestrutura que possibilitará chegar a Lisboa em uma hora, o que no seu ponto de vista será benéfico para os espinhenses.
Enumerou algumas datas importantes. O início das obras no Concelho de Espinho está previsto para Janeiro de 2026. No entanto, antes a 14 de Agosto de 2025 será entregue o Relatório de Conformidade Ambiental do Projeto de Execução (RECAPE) para aprovação até Outubro pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA). Nos meses Agosto e Setembro deste ano irá ainda decorrer a Consulta Pública do projecto. A partir desse momento o plano da empresa é dar início às reuniões da equipa de expropriações com os proprietários.
Durante as cerca de quatro horas da sessão Rui Guimarães respondeu a várias questões e explicou o que iria acontecer a algumas casas e terrenos afectados pelo corredor da LAV. Uma das casas afectadas em Guetim está em construção. O administrador da LusoLav disse que a empresa está disponível para negociar com os proprietários, a mudança para outro local se estes o desejarem, dada a incompatibilidade das etapas de construção das duas obras. Ainda em Guetim, outra moradora presente na sessão soube que a sua casa iria desaparecer. Apesar de o corredor passar no limite da casa, a proximidade com a infraestrutura seria demasiada e só teria luz solar a meio da tarde. Também vários terrenos irão ser afectados, bem como, o Complexo Desportivo de Cassufas. Segundo Rui Guimarães irá ser construído um campo novo, previsto nascer onde está localizado o campo da Associação Desportiva de Esmojães.
O presidente da Junta da União de Freguesias de Anta e Guetim, Nuno Almeida mostrou-se preocupado com o impacto da LAV no território. Reconheceu que a reunião com a empresa foi produtiva e que o traçado apresentado anteriormente “era bem mais penoso”. No entanto, referiu que a “vala a céu aberto” que irá atravessar Anta vai trazer “constrangimentos ao nível paisagístico e na vida quotidiana e social da freguesia”. Falou ainda dos impactos negativos que uma obra desta envergadura acarretará na mobilidade rodoviária no concelho. Apontou o impacto negativo no “futebol de Anta”, que agora devido à passagem do corredor no Complexo Desportivo de Cassufas, vai implicar a construção de um outro campo, que por sua vez, vai afectar outra associação desportiva antense. O autarca espera uma solução. Nuno Almeida deixou ainda patente o seu descontentamento pela escolha do traçado não ser no “território mais a nascente, em que existe uma zona em que quase não existe habitação”. Por outro lado, o autarca não encontra justificação para o método construtivo ter sido alterado.
A edil, Maria Manuel Cruz manifestou que a autarquia se tem debatido pela prevalência de túnel mineiro no traçado, mas que embora não sendo possível vai insistir para que se façam “túneis com maior comprimento”. Apontou que esta proposta compromete o território em especial a zona de Guetim e de Cassufas por o “corredor passar em vala”. “Ainda estamos no momento de podermos aumentar as dimensões dos túneis e isso de certeza que não iria descaracterizar o território.”. afirmou. Defendeu que apesar do concelho beneficiar com a infraestrutura não será o “beneficiário directo” e que “merece mais”.
Tranquilizou ainda a população relativamente às casas e às indeminizações. “Não há casas ilegais. Há casas que não foram licenciadas por algum motivo.”, disse. “As pessoas têm de ser indemnizadas justamente, não podem ser prejudicadas por isso.”, acrescentou. Maria Manuel Cruz alertou ainda os cidadãos para que comecem a pensar no que querem fazer com as suas casas e apelou à importância da participação da população na Consulta Pública. “Estamos a pensar que são só oito casas, mas não é só. Existem ainda terrenos que vão ficar divididos ou inutilizados.”, alertou. Anunciou a criação de um Gabinete de Apoio dedicado a este assunto em que os cidadãos podem tirar dúvidas com uma equipa de técnicos especializada.