Do Castelo à Educação, da Justiça à Mobilidade – investimentos estratégicos impulsionam o desenvolvimento do município
Santa Maria da Feira prepara-se para um salto histórico com um pacote de investimentos que ultrapassará os 17 milhões de euros. A requalificação do emblemático Castelo, a construção do novo Centro Escolar e a criação de um dos maiores Tribunais do país são apenas algumas das iniciativas que prometem transformar o município. Apesar dos desafios financeiros e da pressão sobre o setor da construção, a Câmara aposta em financiamento comunitário e numa gestão estratégica para concretizar projectos que conciliam modernidade, identidade e qualidade de vida.

Requalificação do Castelo de Santa Maria da Feira: O novo concurso e os ajustes financeiros
Amadeu Albergaria anunciou a reabertura do concurso para a empreitada do Castelo de Santa Maria da Feira, uma obra que ficou deserta em 2024, reflectindo um problema recorrente em Portugal: a falta de concorrentes em concursos públicos devido à pressão no sector da construção. O autarca revelou que o valor base será “ajustado” em cerca de 3,8 milhões de euros, uma decisão que reflete a adaptação aos preços de mercado mais actualizados e à complexidade da intervenção. Este aumento não é apenas uma resposta técnica, mas também uma estratégia para atrair empresas especializadas, já que, como sublinhou, “não há muitas empresas da especialidade” capazes de lidar com um monumento nacional.
A candidatura a fundos comunitários no valor de 2 milhões de euros mostra a intenção de aliviar o peso financeiro sobre o município, mas também a confiança nas “contas robustas” da Câmara da Feira. Este equilíbrio entre financiamento externo e capacidade autárquica demonstra uma gestão pragmática, embora Amadeu Albergaria reconheça a incerteza: o concurso com cerca de dois meses para apresentar resultados e o sucesso depende de fatores externos, como a disponibilidade de empresários.
Intervenção e Impacto nos eventos
“Vamos requalificar todo o castelo, desde a capela até à arte sacra, criando novos espaços como a visitação à Torre da Casa Madre e ao Poço do Castelo, ligados às lendas locais”, afirmou o autarca, destacando ainda a criação de duas novas salas na Tenalha, integradas na paisagem de forma discreta.
A duração da obra, estimada em “mais do que um ano”, reflete a imprevisibilidade típica das intervenções em monumentos nacionais, onde pode surgir “surpresas” arqueológicas a qualquer momento. Amadeu Albergaria enfatizou o rigor exigido pela Direção-Geral do Património, o que indica que o projecto será acompanhado de perto por especialistas, aumentando também os desafios logísticos e temporais.
O presidente esclareceu que, embora o projecto seja global, a intervenção será organizada por fases para minimizar o impacto em eventos como a Viagem Medieval e o Perlim, que dependem do castelo. “Sabemos os transtornos que a indisponibilidade do castelo provoca. Junto do empresário, iremos garantir que o monumento permaneça visitável e utilizável em momentos-chave”, assegurou. Uma primeira fase, destinada a resolver problemas estruturais nas muralhas (orçada em 700 mil euros), já foi concluída, permitindo agora avançar com a requalificação integral.
Além da recuperação do edificado, a empreitada inclui a requalificação dos espaços exteriores. A rua, recentemente, baptizada de José Matos, em homenagem ao historiador local, será intervencionada, assim como a zona frontal do castelo – uma “imagem icónica de Portugal” nas palavras do autarca. A autarquia planeia eliminar o estacionamento desordenado, criar áreas de estacionamento estruturado e instalar novas instalações sanitárias, garantindo uma frente mais limpa e apelativa para os visitantes.
Centro Escolar da Feira: “Será um dos melhores centros escolares do país”
Amadeu Albergaria acrescentou o avanço para o concurso público do novo Centro Escolar da Feira, que será construído na antiga EB 2/3 Fernando Pessoa. Uma obra “há muito reclamada” pela comunidade educativa e pelos feirenses. Com 16 salas de 1.º ciclo, 6 de pré-escolar e um pavilhão gimnodesportivo requalificado (aberto à população), o projecto, avaliado em 13,5 milhões de euros, é financiado em parte (11 milhões) por fundos metropolitanos. O social-democrata destacou o valor imaterial do local, “com milhares de memórias históricas”, e a sua localização estratégica entre a cidade moderna e o centro histórico.
O design do centro escolar vai refletir as tendências modernas nas ciências da educação, com recreios que priorizam o contacto com a natureza e espaços menos formais. Esta abordagem pedagógica, alinhada com a critério do Ministério da Educação, sugere uma aposta na qualidade de ensino e no bem-estar das crianças.
Reordenamento Urbano e Mobilidade
A obra vai além do edifício escolar, integrando-se num plano mais amplo de mobilidade. A requalificação da Praça Fernando Pessoa e a construção de uma rotunda na Avenida Francisco Sá Carneiro visam melhorar a circulação numa zona congestionada pela proximidade da Escola Secundária e do futuro centro escolar.
Amadeu Albergaria mencionou de forma cooperativa, que o objectivo “é desafogar o trânsito e integrar o polo educativo com a interface de transportes da cidade”, explicou.
A transição dos alunos da escola n.º 1 para o novo Centro Escolar, e a requalificação parcial da n.º 2, indicam um reordenamento da rede escolar. A autarca admitiu que o crescimento populacional da Feira exige a manutenção de outras escolas, como a do Cavaco e a de Milheiros, e planeia estudar o futuro do edifício do n.º 1, possivelmente, ligado ao Polo de Saúde em desenvolvimento.
Tribunal e Infraestruturas: Autarquia prepara-se para lançar concurso
Amadeu Albergaria revelou também progressos no projecto do novo Tribunal Judicial de Santa Maria da Feira, um dos maiores do país. Após reuniões com o IGFEJ (Instituto do Ministério da Justiça), a autarquia prepara-se para lançar, em Abril, o concurso para a equipa de projectista, com um prazo de 300 dias até ao concurso da empreitada. A discussão sobre salas de audiência, gabinetes e acessibilidades reflete a intenção de responder às necessidades práticas do dia-a-dia judicial, num investimento que reforça a centralidade da Feira na região.
Requalificação Urbana
A autarca anunciou ainda a requalificação de ruas na zona da Cruz e a criação de um percurso pedonal entre a rotunda do Montinho e a Pedreira das Penas, com “acessibilidades 360” – uma faixa de 1,5 metros sem obstáculos. Este projecto, aliado à requalificação da “espinha dorsal” que liga a Cruz ao Centro Histórico, mostra uma aposta na mobilidade pedonal e na qualidade de vida urbana, oferecendo alternativas mais serenas ao tráfego intenso na Comendador Sá Couto.
Contexto e Implicações
As políticas de Amadeu Albergaria refletem uma liderança focada em grandes investimentos estruturais – património, educação, justiça e mobilidade – num momento de desafios económicos e logísticos no país. A pressão sobre o sector da construção, agravada pelo PRR e por projectos nacionais como a alta velocidade, é um obstáculo real, mas o autarca mostra optimismo, apoiada na solidez financeira da Câmara e em parcerias estratégicas (fundos comunitários, área metropolitana).
A visão transmitida é clara: transformar Santa Maria da Feira num conceito moderno, preservando a sua história e projetando-a para o futuro.













