Constituído a 17 de Janeiro, conta já com mais de 100 membros e inclui “gente das áreas das ciências, da terra e da vida”: nasceu o Grupo de Proteção do Perímetro Florestal das Dunas de Ovar.
Após uma recomendação do Governo de Março de 2023, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) preparou um novo plano para o perímetro. No entender deste grupo, “o novo plano é substancialmente mais lesivo para a nossa floresta do que o anterior e que existem grandes e graves contradições”. No documento de constituição do grupo, a que o Jornal N teve acesso, são elencados esses problemas, a saber:
– “Os cortes contradizem o próprio plano”
– “Entre 2022 e 2038, a área total que se prevê cortar equivale a 511 campos de futebol, o que dá uma média de 30 campos de futebol por ano!”
– “O mais escandaloso é que as áreas seleccionadas para corte raso são contínuas, formando enormes extensões. Por exemplo, num espaço de 8 anos está previsto o corte raso contínuo dos talhões 80, 81 e 82”
– “Justificam [o ICNF] os cortes pela idade dos pinheiros: sabemos (com garantia de especialistas, que fazem parte deste grupo) que estas árvores podem facilmente viver mais de 140 anos, sendo comum ultrapassarem os 200 anos, ao passo que pinheiros de que falamos têm cerca de 70 anos”
– “As idades atribuídas aos pinheiros de cada talhão não batem certo com documentos publicados anteriormente”
– “O Estado de Conservação e a Biodiversidade preconiza como objectivo de gestão ‘expandir e diversificar a composição florística’, mas na prática nada está previsto, para além da regeneração do pinheiro-bravo”
– “Relativamente à fauna e à flora, existe uma ausência total de levantamentos do estado de conservação: o ecossistema é bem mais rico do que o que está estimado”
– “Quanto ao controlo de invasores, não existe um programa rigoroso e contínuo que possibilite e optimize a regeneração natural do pinheiro-bravo e outra vegetação dunar”
– “Não há fundos previstos para assegurar a manutenção da floresta após corte (para operações de controlo de invasoras, operações de condução de novos povoamentos, diversificação florestal, entre outras)”
– “Não menciona a existência do aterro sanitário [de Maceda] (…) nem sequer está marcada a sua localização no plano”
Em suma, o grupo considera que o plano do ICNF se rege por uma “exploração meramente economicista da floresta, utiliza métodos e práticas que em tudo são contrárias a uma gestão sustentável e trata a floresta pública como se de uma particular e de produção se tratasse”, pode ler-se. Em causa está, escrevem, “um crime ambiental legalmente cometido” que, caso avance, irá contar com a oposição deste grupo de cidadãos, se for necessário até “às mais altas entidades da Justiça e da Comunidade Europeia”.
Leia o artigo na íntegra na edição nº405 do nosso jornal.