Santa Maria da Feira e Ovar acolhem o 3.º Congresso Europeu da Semana Santa- “Identidades Vivas”

O Salão Nobre do Castelo de Santa Maria da Feira foi palco, na passada quarta-feira, dia 12 de Março, de uma conferência de imprensa que anunciou a realização do 3.º Congresso da Rede Europeia de Celebrações da Semana Santa e Páscoa, a decorrer entre os dias 8 e 10 de Outubro de 2025, nas cidades de Ovar e Santa Maria da Feira. O evento, que reuniu representantes políticos, religiosos e académicos, destacou a importância histórica e cultural do património associado à Semana Santa e revelou investimentos significativos na preservação do Castelo e no desenvolvimento educativo da região.

Amadeu Albergaria: O Castelo como símbolo histórico e cultural

O presidente da Autarquia, Amadeu Albergaria, num discurso carregado de simbolismo, sublinhou o papel do Castelo na fundação da nacionalidade portuguesa e a sua relevância como motor cultural do concelho. “Estamos no Castelo de Santa Maria da Feira, um monumento com uma importância histórica importante, que merece ser treinado e aprofundado”, afirmou, anunciando a reabertura das obras de requalificação do Castelo.

Com um investimento de 3,8 milhões de euros, a intervenção visa transformar o espaço num dos maiores museus nacionais de Portugal, com novas salas de visitação e uma candidatura a fundos comunitários de até 2 milhões de euros.

Outro destaque foi o anúncio da construção de um novo Centro Escolar em Santa Maria da Feira, orçado em 13,5 milhões de euros, com 11 milhões já garantidos por fundos comunitários. “Será uma obra de referência na arquitetura e um dos maiores centros escolares do país”, frisou o autarca, reforçando a aposta da cultura como alavancar o desenvolvimento local.

Amadeu Albergaria, enfatizou ainda o papel da cultura como motor de desenvolvimento e coesão social no conceito. “Santa Maria da Feira fez da cultura a força da sua identidade e do sentimento de pertença. Eventos como a Semana Santa, a Festa das Fogaceiras, a Viagem Medieval e o Imaginarius transformam as nossas praças e ruas em espaços de céu aberto, desenhados para acolher a comunidade e os visitantes”, explicou.

É na Semana Santa, que o presidente da Santa Maria da Feira expressou a ambição de elevá-la a um “evento de referência nacional e europeu de primeira linha”, combinando a dimensão espiritual com a riqueza gastronómica local, como os pães doces típicos da Páscoa, numa cidade reconhecida como parte da rede de Cidades Criativas da UNESCO na área da gastronomia.

 

Domingos Silva: Laços históricos e revitalização das tradições

O presidente da Câmara Municipal de Ovar, Domingos Silva, reforçou a importância da parceria com Santa Maria da Feira, enraizada em origens históricas comuns nas chamadas Terras de Santa Maria. “É mais do que uma parceria, é uma união de terras vizinhas com laços profundos. Esta integração na Rede Europeia das Celebrações da Semana Santa é uma oportunidade para revisitar esses laços e fortalecer a nossa identidade”, declarou, saudando o seu homólogo Amadeu Albergaria como “amigo e hospedado”.

O autarca ovarense, destacou a vivência intensa das tradições quaresmais e pascais em Ovar, com particular ênfase no Carnaval – “a festa maior do município, que marca o período pré-Quaresma” – e na Semana Santa, inscrita no património imaterial de Portugal. “Temos uma relação forte com o património religioso, como as sete capelas do século XVIII, construídas com uma curiosa contribuição de cada quartilho de vinho vendido, e a Igreja Matriz, cuja classificação nacional estamos a consolidar”, revelou, anunciando projectos de requalificação dos espaços envolventes para valorizar este legado.

Domingos Silva sublinhou a evolução das celebrações ao longo do tempo, acompanhando os desafios modernos. “Antigamente, as procissões enchiam as ruas de Ovar com uma adesão impressionante. Com a mudança dos tempos, essa vivência é duradoura, mas a rede europeia é uma oportunidade de reposicionar estas tradições seculares, preservando o que está edificado e dando-lhes nova vida”, afirmou.

Para o presidente de Ovar, o segredo está na colaboração: “A Câmara não tem de fazer tudo, mas criar condições para que a comunidade participe. Este congresso será o começo de algo que queremos construir juntos, passo a passo, para que as gerações futuras não nos censurem por perder esta oportunidade.”

 

Um Congresso Europeu com raízes locais

O presidente da Rede Europeia, Sergio Velasco Albalá, afirmou que “este congresso é uma mostra do trabalho em rede que se iniciou em 2019, unindo cultura, turismo e investigação”. O representante de Andaluzia, acrescentou que a rede, actualmente, reúne sete países e 37 municípios, promovendo o estudo e a divulgação do património da Semana Santa e da Páscoa, e convidando irmandades e confrarias europeias a participar.

O tema do congresso, “Identidades Vivas”, foi detalhado por Rui Ferreira, presidente do Comité Científico da Rede Europeia. Com conferências e mesas redondas, o evento abordará a identidade cultural, o impacto do turismo e a patrimonialização das práticas imateriais. As sessões principais decorreram na Escola de Artes e Ofícios de Ovar, com o último dia reservado à Biblioteca Municipal de Santa Maria da Feira. A inscrição custará 40 euros, e as propostas de comunicação estarão abertas até 30 de junho.

A conferência de imprensa contou ainda com a presença de representantes de Braga, Andaluzia e outras regiões, além de figuras locais como a Provedora da Santa Casa da Misericórdia e os padres das paróquias envolvidas.

O evento terminou com um apelo à participação comunitária, reflectindo o espírito colaborativo que caracteriza as celebrações em Santa Maria da Feira e Ovar.

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