A Assembleia de Freguesia de São João de Ver discutiu a aquisição de terrenos para um parque de lazer, a construção de um passadiço até ao Europarque e a requalificação da Capela de Santo André. Questões como acessos ao Lusopark e painéis fotovoltaicos geraram debate. As contas de 2024 foram aprovadas, mas críticas apontaram desvios orçamentais e obras não executadas.
A Assembleia de Freguesia de São João de Ver reuniu-se no dia 23 de abril para abordar projetos estruturantes, questões financeiras e preocupações dos fregueses. Entre os temas em destaque, Filipe Oliveira (PS) elogiou a aquisição de dois terrenos junto ao estaleiro para a construção de um parque de lazer, considerando-a “uma excelente ideia” para preparar a freguesia para receber visitantes, especialmente com os novos projetos no Lusopark. Propôs ainda a criação de um passadiço e área de lazer ao longo do rio Monteiro até ao Europarque, aproveitando terrenos maioritariamente camarários. “É uma zona fantástica, ao abandono, que merecia cuidado. Ficaria um espaço fabuloso”, defendeu, sugerindo que a obra teria um custo reduzido.
A requalificação da Capela de Santo André, que esteve anos fechada, foi saudada, mas Filipe Oliveira questionou os custos e a titularidade do imóvel, se da Junta ou da Comissão. Sobre os painéis fotovoltaicos, pediu esclarecimentos sobre os dois processos de licenciamento em curso, nas ruas das Cerejeiras e das Pedreiras, e se a ação judicial em curso visa travar o projeto. Também levantou dúvidas sobre a compatibilidade do presidente da Junta, Nuno Albergaria, com a sua nomeação para coordenar uma loja da AIMA, exigindo esclarecimentos para evitar “celeumas”.
A Rotunda da Lavandeira, palco de acidentes frequentes, e os acessos ao Lusopark foram outros pontos críticos. O socialista alertou para o congestionamento na hora de ponta, que afeta quem vem do Lusopark, e criticou a falta de uma nova via para a freguesia. “Se não tivermos condições de acesso, as pessoas vão fugir para Rio Meão ou Paços de Brandão. É um problema grave”, frisou, apelando que a Câmara resolva a situação.
Junta de Freguesia
Nuno Albergaria concordou com a necessidade de insistir no projeto do passadiço até ao Europarque e na criação de uma nova via de acesso ao Lusopark, essencial para a freguesia e para os 700 novos postos de trabalho previstos. Sobre a Ribeira do Outeiro, reforçou a importância de avançar.
O tesoureiro, Renato Faria, detalhou as atividades da Junta, incluindo a requalificação da Capela de Santo André, obras de saneamento e repavimentação em várias ruas, eventos como o Pai Natal e violinistas, e um passeio ao Oceanário de Lisboa para pessoas com mobilidade reduzida. Apresentou as contas de 2024, com receitas correntes de 65.441,72€, receitas de capital de 50.546,58€, despesas de 154.744,33€ e um saldo de gerência de 5.191,70€ a 31 de março. A execução orçamental atingiu 95%, com um saldo de 3.947,73€.
Críticas e Esclarecimentos
Idalina (PS) criticou desvios orçamentais, como a previsão de 65 mil euros em transferências da Câmara, mas apenas 32 mil euros foram recebidos. A socialista abordou os gastos elevados em rubricas como “outros serviços” (70 mil euros contra 55 mil previstos). Questionou a baixa despesa em apoio social (6.500€) face às necessidades da freguesia e a não execução de obras previstas, como o parque infantil das Caniças, o complexo desportivo da Lavandeira e o estacionamento da Escola Básica da Fonte Seca.
Renato Faria esclareceu que o complexo desportivo envolveu um estudo de arquitetura (4.677€ de 24 mil orçamentados) e que rubricas como pintura e manutenção de edifícios absorveram verbas redirecionadas. Sobre o pessoal, justificou o aumento com a contratação de um colaborador, antes, em recibos verdes. O presidente, Nuno Albergaria, assumiu a demora no estacionamento da escola, garantiu que o centro da freguesia irá a concurso público em quatro meses, e que o parque das Caniças será concluído.
Aprovações
A prestação de contas e a revisão orçamental de 2024 foram aprovadas por maioria, com 11 e 12 votos, respetivamente, refletindo uma gestão financeira considerada clara, apesar das críticas.