Artigo de Silvia Pinto e Maria Cunha, professoras do ISEC Lisboa, e de Sara Resner, aluna Ctesp de Marketing Digital ISEC
O bullying na escola, longe de ser um mero rito de passagem ou um aspeto trivial da vida estudantil, representa uma grave ameaça ao desenvolvimento saudável e ao bem-estar psicológico dos jovens. Este fenómeno, caracterizado por atos repetidos de violência física, verbal ou psicológica, mina o ambiente educativo, transformando espaços que deveriam ser de aprendizagem e crescimento em cenários de medo e isolamento.
A persistência deste problema revela uma lacuna significativa na nossa abordagem coletiva à convivência escolar. Apesar de crescentes esforços de sensibilização e implementação de políticas anti-bullying, muitas instituições ainda se veem incapazes de erradicar completamente este comportamento destrutivo. Este impasse sugere que as soluções não residem apenas em medidas punitivas, mas na necessidade de uma mudança cultural mais profunda que promova a empatia, o respeito mútuo e a valorização das diferenças.
A responsabilidade de combater o bullying escolar não deve recair exclusivamente sobre os ombros dos educadores. É imperativo um esforço conjunto que envolva alunos, pais, funcionários e a comunidade em geral. A educação para a cidadania, que inclui o ensino de habilidades sociais e emocionais, deve ser encarada como uma parte integrante do currículo escolar, capacitando os jovens a reconhecer, reagir e reportar comportamentos abusivos.
Além disso, a criação de ambientes escolares seguros e inclusivos deve ser uma prioridade. Isto envolve não apenas a vigilância contra o bullying, mas também a promoção ativa de uma cultura de aceitação e apoio mútuo. A participação dos estudantes em atividades que fomentem a inclusão e a colaboração pode ser uma ferramenta poderosa na construção de comunidades escolares mais coesas e resistentes a comportamentos de intimidação.
A tecnologia, frequentemente vista como um vetor de bullying, especialmente nas suas formas cibernéticas, pode também ser uma aliada na luta contra este flagelo. Plataformas digitais e aplicações educativas podem ser utilizadas para promover a consciencialização, oferecer recursos de apoio às vítimas e facilitar a denúncia anónima de casos de bullying, garantindo uma intervenção rápida e eficaz.
Em última análise, a erradicação do bullying escolar exige mais do que políticas e procedimentos, requer uma transformação na maneira como comunidades escolares percebem e interagem umas com as outras. Investir na educação emocional e social dos jovens é um passo fundamental na construção de uma sociedade mais empática e menos tolerante com qualquer forma de violência ou discriminação. O silêncio e a inação são os maiores aliados do bullying, é tempo de quebrar esse silêncio com medidas concretas e um compromisso renovado de todos os atores sociais envolvidos.