As conquistas e os desaires da revolução e o papel da comunicação social em 50 anos de democracia
Numa altura em que se comemoram 50 anos sobre o 25 de Abril, é preciso pensar cautelosamente sobre as vantagens e aspectos menos bons da revolução. Antes de mais, o que de bom nos trouxe: liberdade de expressão, de pensar, agir e direitos fundamentais a que a mulher não tinha acesso. Com o 25 de Abril, a mulher passou a ter um papel muito diferente na nossa sociedade, passando a poder votar, poder trabalhar em áreas que até então lhe eram vedadas e a assumir-se como elemento fundamental na comunidade. Depois de 1974 passamos a ter melhores cuidados de saúde e um acesso ao ensino mais democrático. O ensino público obrigatório foi um dos principais feitos do 25 de Abril. A taxa de analfabetismo diminuiu mais de 22 pontos percentuais em cinco décadas e a percentagem de pessoas com o ensino superior aumentou 19.
Relativamente àquilo que de menos bom surgiu com a revolução, é importante referir que a liberdade que Abril nos trouxe nem sempre veio acompanhada de responsabilidade. Aquilo a que alguns chamam liberdade, é antes falta de civismo, falta de respeito e de compreensão pelos outros. Na política, os nossos governantes, muitas vezes, não actuam em conformidade com os princípios de Abril. Na Justiça, o país atravessa um período negro. Precisamos de melhor Saúde e melhor Educação. Não me refiro ao futuro, falo do agora. É urgente. Ao pensarmos o presente com critérios correctos, bem estruturados, estamos, naturalmente, a preparar um futuro melhor.
Temos de poder olhar para os nossos governantes de outra forma. É importante que tenham mais sentido de Estado; que deixem de olhar para os interesses dos partidos e zelem pelos interesses do País. Estamos fartos de falsas promessas. Temos tudo para ser um país melhor.
Sobre o papel da imprensa passados 50 anos do 25 de Abril, é inegável a sua importância, seja ela nacional, regional ou local. No caso da imprensa regional, área do Jornal N, esta é ainda mais fundamental pelo facto de ter conteúdos que, quase sempre, não circulam na imprensa nacional.
O Jornal N agradece imensamente aos seus assinantes, anunciantes e leitores. Sem eles não estaríamos aqui e, por isso mesmo, é importante que continuem connosco. Infelizmente, fruto de muitos factores, é cada vez menos a importância dada à comunicação regional. É fundamental que as populações de Santa Maria da Feira, Ovar e Espinho olhem com outros olhos para a comunicação social da área onde se inserem. Só posso falar do Jornal N, porque é a realidade que conheço e, com conhecimento de causa, apelo a que os habitantes destes três concelhos se tornem assinantes e sejam leitores assíduos para podermos apostar, ainda mais, no trabalho que realizamos. Estamos próximos da população, vamos ao encontro de todos no sentido de ajudar aqueles que muitas vezes não têm voz e não fechamos a porta a ninguém. O nosso propósito é fazer serviço público e queremos sempre mais, mas, para isso, necessitamos de leitores, assinantes e anunciantes. Sem esse apoio precioso, o Jornal N e muita outra comunicação social regional e local enfrentam muitas incertezas e o mais certo é que sejam forçados a fechar portas, deixando a democracia mais frágil.
Prometemos honestidade e imparcialidade. Só assim se cumprem os valores de Abril.
Rui Leal
Director do Jornal N