O Jardim- Centro de Solidariedade Social de Canedo está prestes a soprar as velas pelos seus 20 anos de existência. A Instituição cujo foco é a solidariedade, equidade, afectividade, cidadania, participação, dedicação, inovação e profissionalismo, preza diariamente por dar respostas às necessidades na área da infância, terceira idade e apoio social.
A Direcção assumiu ao N, que “a grande aposta é e será sempre no capital humano” porque são os grandes responsáveis pelo bom tratamento e desenvolvimento dos seus utentes. “Os resultados estão à vista”, sublinhou o presidente Belmiro Pinheiro.
“A missão é sempre em prol do próximo, contribuindo para o desenvolvimento da comunidade, e respeitando sempre a individualidade e as necessidades de cada um”, acrescentou Cândida Silva, directora técnica.
A Direcção deixou a promessa que tem como objectivo a implementação de novos projectos. E o grande foco é o aumento do Lar Residencial para os Idosos, “uma pretensão a executar para a nova geração”
Como foi fundado o Jardim e qual o motivo para a sua criação?
Belmiro Pinheiro- O centro já foi criado há muitos anos. Foi a Junta de Freguesia que deu os primeiros passos em 1993. O terreno foi cedido à Instituição e o projecto começou em 2004 com o Centro de Dia e com a SAD (Serviço de Apoio Domiciliário). Entretanto fomos crescendo e foi-se criando as outras valências. Inicialmente foi muito difícil devido à falta de recursos humanos não havia tantas valências.
Na altura foi o Sr. Manuel de Jesus que encabeçou tudo. Ele tinha bons contactos na Câmara, na Junta e em Canedo. O senhor Marcos também tinha bom nome em Canedo, gostava muito da terra e doou dinheiro ao Centro, bem como o senhor Rocha também ajudou muito a Instituição doando duas carrinhas.
Qual a missão e valores fundamentais do Centro de Solidariedade?
Cândida Silva- Os valores essenciais da Instituição partem sempre pela solidariedade, pelo pluralismo cultural e pelo respeito pelo próximo.
A missão também é sempre em prol do próximo, é sempre em torno de contribuir para o desenvolvimento da comunidade, do local, sempre respeitando a individualidade de cada um e as necessidades de cada um.
Como a organização evoluiu ao longo dos anos em resposta às necessidades da comunidade?
Belmiro Pinheiro- Nós fomos modernizando as instalações e fomos evoluindo a nível de prestação de serviços. A título de exemplo, fomos criando alguns projectos inovadores como a sala de Snoezelen para os idosos e sempre acompanhada por uma psicóloga.
Quanto à infância, temos tido diversas actividades muito inovadoras e que vamos desenvolvendo diariamente, interagindo com eles e com os pais, no sentido de ter um crescimento mais saudável. Tem sido nessa perspectiva que temos vindo a desenvolver as capacidades das crianças.
Quais os programas e serviços que oferecem?
Cândida Silva- Nós temos seis reforços sociais na Instituição. Creche, Pré-escolar, ATL, Centro de Dia, Serviço de Apoio ao Domicílio e o Lar de Idosos (estrutura residencial).
Ao longo do tempo tem havido crescimento quer das respostas sociais, mas também de encontro àquilo que é o diagnóstico que se vai fazendo às necessidades que a própria comunidade exige. No início deste ano lectivo aumentamos a capacidade da creche, de 41 para 51 crianças, porque era uma necessidade crescente da comunidade. Actualmente, temos em lista de espera cerca de 50 crianças, não só da freguesia, também damos resposta pela localização às freguesias e ao concelho vizinho.
Anualmente, a Instituição elabora sempre o projeto para o ano seguinte, fazendo um diagnóstico local daquilo que são as necessidades.
Esta direção tinha feito um projecto e fez uma candidatura para o alargamento da capacidade instalada em ERPI (Lar de Idosos). Apesar do projecto ter sido aprovado, não houve cabimento orçamental no âmbito do PRR e acabou por ficar em suspenso, mas ressalvo que é pretensão do Órgão de Administração executar a obra para a nova geração. Neste momento temos 27 residentes, e 194 pessoas em lista de espera para entrar no Lar A lista é revista, anualmente, priorizando de acordo com o que está no planeamento interno. Temos algumas pessoas que estão colocadas noutros equipamentos, que têm interesse em vir para a freguesia.
De que forma a organização se envolve com a comunidade?
Cândida Silva- Nós achamos que este tipo de equipamento só faz sentido se servir a comunidade. E por isso é que fazemos ao longo do ano por força do mérito desta Direcção, cujo foco é a aproximação da comunidade, uma calendarização de actividades dirigida a todas as pessoas, mesmo que não sejam nossos utentes.
São três grandes actividades. Fazemos uma caminhada sempre pela freguesia onde envolvemos os nossos utentes, que muitas das vezes são responsáveis por dar apoio, distribuindo as águas e as frutas.
Temos uma desfolhada/sunset que fazemos sempre antes de Setembro que permite também preservar as tradições locais e ao mesmo tempo promover uma ligação com a comunidade e com outras associações locais. Procuramos sempre chamar o rancho da freguesia para ajudarem nesta dinamização.
Temos também o convívio dos associados, que é feito em Outubro, coincide sempre com o aniversário da Instituição. Esse sim, é efectivamente o trazermos a comunidade até cá sem ser naquela perspectiva de necessidade extrema. Muitas vezes as pessoas procuram as Instituições no sentido de precisar mesmo de uma resposta, e a perspectiva do convívio também é promover momentos lúdicos, para que as pessoas percebam o trabalho que desenvolvemos com a terceira idade
Belmiro Pinheiro- Temos o projecto BPI que idealizamos para ir às zonas mais limítrofes. O objectivo é envolver a população idosa que se encontra isolada. Normalmente, levamos as crianças com alguma maturidade até às casas dos mais idosos para fazerem algumas actividades, complementando com acessórios de Snoezelen.
Esta parceria, inicialmente, começou com a Junta de Freguesia, mas por falta de financiamento da mesma em apoiar, nós lançamos o projecto ao BPI Sénior, que é quem nos apoia.
Qual o principal desafio que O Jardim enfrenta?
Belmiro Pinheiro- O maior desafio é sempre o balanço. Não fazemos nada sem termos certeza da perspectiva futura. Claro que nós dependemos do contrato que temos com a Segurança Social.
A falta de recursos humanos também dificulta chegarmos a determinados rendimentos. Nós temos conseguido ultrapassar esses objectivos, porque esta Direcção tem muitos projectos para implementar. Aumentamos o lar e mobilizamos a Instituição e todos os seus recursos para este passo, bem como para aumentarmos a creche.
E tem sido através deste grau de inovação que temos conseguido angariar mais fundos e uma salubridade financeira boa, para apostarmos nos recursos humanos, porque estas Instituições dependem muito dos utentes, mas para isso são necessários recursos humanos muito competentes. Essa é a aposta desta Direcção, o nosso maior investimento é no capital humano e os resultados estão à vista.
As organizações substituem-se ao Estado de uma firma muito positiva. E é dessa forma que queremos estar. Agora se esse valor é reconhecido, eu acho que não. Não só pelo Estado Central como pela própria comunidade. Apesar que muita gente vem aos nossos convívios e constacta o bom tratamento dos nossos utentes. Se não tivermos um bom desempenho e uma boa resposta as coisas não acontecem.
Leia a entrevista na íntegra na edição nº390 do nosso jornal.