Na passada quinta-feira, dia 3 de Abril decorreu a 32.ª sessão do julgamento da Operação Vórtex no Tribunal de Espinho. Na audiência continuou a prestar depoimento o perito em arquitectura que fez a peritagem e análise dos projectos em Espinho da Construtora Pessegueiro, o Lar Hércules, Golden 24 e Urban 32. Recorde-se que dos projectos referidos só o Urban 32 acabou por se sair do papel.
A 32.ª sessão do julgamento da Operação Vórtex foi dedicada a ouvir os esclarecimentos prestados ao colectivo de juízes, Ministério Público e aos advogados de defesa dos arguidos sobre as alegadas irregularidades nos projectos de arquitectura apontadas pela acusação.
Relativamente ao Lar Hércules previsto nascer na Rua 14 com a Rua 27 o arquitecto que já tinha começado a responder a algumas questões na última sessão da semana anterior, nomeadamente, sobre se o projecto do lar iria desvirtuar o edifício existente. O arquitecto disse que na sua análise verificou que algumas características do edifício antigo se mantinham, tal como, as linhas horizontais, mas que considera o número de pisos é o factor principal para o seu desvirtuamento. “É impossível acrescentar a volumetria e uso que estamos a falar e não desvirtuar.”, afirmou o perito. “As características mantêm-se de uma forma geral, mas não quer dizer que não se desvirtue.”, acrescentou. Ao juiz disse ainda que para não descaracterizar o edifício antigo o projecto não podia apresentar ampliações de pisos, justificando que qualquer ampliação e demolição significativas o fazem.
Na sessão da última semana e ainda sobre a intervenção alterar a traça do edifício disse que características como a “implantação do edifício e a horizontalidade não são mantidas”. Questionado pelo juiz acerca do desvirtuamento e se mantinha a resposta disse que “na sua perspectiva há desvirtuamento” e que se “cai numa subjectividade de avaliação porque a norma deixa abrangência”. “Não é uma verdade absoluta”, mas que seria um juízo corrente”. Foi ainda esclarecido se o último piso seria considerado recuado em relação à altura da fachada. O arquitecto admitiu que na sua análise possa ter havido um lapso. Mais tarde admitiu que analisou o desenho errado. Depois de uma análise feita na pausa de almoço pediu desculpa aos intervenientes e admitiu que terá de ser feita uma correção porque “há uma colmatação com a existente”. Ou seja, “há uma colmatação com a cobertura do edifício, que está ao mesmo nível”.
Sobre o empreendimento Golden 24 que iria nascer na Avenida 24 a questão foi o projecto contemplar cinco pisos e os edifícios envolventes terem quatro pisos. O arquitecto disse ter identificado através de desenhos e de fotografias um “desalinhamento horizontal das varandas”. Questionado sobre a existência de soluções no âmbito da arquitectura para colmatar esse desalinhamento, admitiu que existem. Segundo o perito na sua análise não verificou a regulamentação relativa ao tema, nem é conhecedor da Avenida 24, local onde iria ser contruído o empreendimento.
Acerca do Urban 32 construído na Avenida 32 admitiu que para calcular a altura da fachada não o fez a partir da entrada principal e que não verificou a inclinação do terreno: “A via de acesso é inclinada. Se o terreno é não tive acesso.”, disse.