Numa Casa do Povo lotada para a receber, a empresária Lígia Pode Coelho, CEO da OvarGado e vice-presidente da Associação Industrial do Distrito de Aveiro, assumiu que está na corrida para a presidência da Câmara Municipal de Ovar.
Abaixo reproduzimos o seu discurso de apresentação:
Meus amigos e conterrâneos, obrigada por terem vindo. Desmobilizamos para um local alternativo ao que tínhamos previsto inicialmente por questões de tempo.
Tal como vocês, cresci e escolhi fazer a minha vida em Ovar: a nossa cidade e o nosso concelho. Cresci atrás do balcão da Fernandinha das Flores, a minha mãe que todos vocês conhecem, a ajudá-la depois da escola aos sábados de manhã. Cresci também no Carnaval, em pequenina nas carregoquinhas, mais tarde nas palhacinhas; e cresci a ver o meu pai fazer crescer a empresa OvarGado, ainda sem saber que seria esse o meu futuro. Casei, tenho três filhos, também a serem criados em Ovar, e mantive até hoje as minhas raízes vareiras.
No entanto, hoje quero falar mais de futuro do que de passado. Sou empresária na cidade, dando continuidade a um legado que o meu pai me deixou e que muito me orgulha: tanto pela capacidade que temos tido, ao longo dos anos, de criar emprego e valor para o concelho, como pela forma como esse legado é reconhecido. Liderei a manifestação “Acordar, Ovar, pela tua saúde” em defesa do direito à saúde de proximidade e da não referenciação para o Hospital de Aveiro, onde promovi um manifesto que recolheu cerca de 10 mil assinaturas e que a nova Ministra da Saúde encontrou quando tomou posse, tendo tomado em consideração a luta justa das pessoas do nosso município. Tenho organizado diversas exposições de âmbito cultural e social, com o objectivo de promover o conhecimento da identidade e cultura do nosso concelho. Sou também parte activo do associativismo, tanto enquanto vice-presidente da AIDA [Associação Industrial do Distrito de Aveiro] em representação das empresas do concelho de Ovar, como enquanto apoiante de diversos projectos como o futebol, o basquetebol, o voleibol, o triatlo, o ciclismo, várias festividades e associações.
Por que o faço? Porque acredito que é possível sair desta estagnação que infelizmente nos últimos anos se transformou numa grande frustração para mim. Sinto e vejo que Ovar, o meu concelho, estagnou: existem poucas ou nenhumas iniciativas e pouca capacidade de criar valor. É por isso que me alio a estas entidades e associações cujas actividades contribuem para o desenvolvimento da nossa região, seja através do desporto, lazer ou entretenimento. Até poderia manter-me ‘quietinha’ no conforto da minha vida pessoal a ver a banda passar, mas não foi essa a minha educação. Por isso, vendo Ovar nesta estagnação nas últimas décadas, tenho uma vontade enorme de fazer acontecer e agir. Sinto que estamos parados. Parece até que somos uma ilha fechada sobre si própria: estamos rodeados por cidades e concelhos que se vão desenvolvendo e nós ficando a trabalhar nos problemas de sempre sem resolução, sem capacidade de nos modernizar. Foi esta sensação que espoletou em mim a necessidade de fazer alguma coisa. E como não faz parte do meu perfil criticar sem apresentar soluções para melhorar e contribuir para essas soluções decidi que me apresento como alguém que quer fazer evoluir o concelho: estou disponível para ser candidata à Câmara Municipal de Ovar.
Preciso do vosso apoio para, juntos, criarmos uma fonte de mudança e discussão, trabalhando para que a política local se traduza em desenvolvimento. É por isso que hoje também vos lanço um desafio: vamos apresentar uma alternativa independente pelo desenvolvimento da nossa terra? Conto com cada um de vocês para assinar e viabilizar a candidatura. Precisarei do vosso apoio para criar uma verdadeira alternativa credível e com rumo. Peço-vos, neste primeiro momento, que reflictam e percebam a importância de termos uma alternativa independente, que traga a visão das pessoas, dos empresários e das associações para a discussão municipal. Ovar tem problemas que todos conhecem e sentem: a dinâmica da cidade e do concelho está parada, o Furadouro está ao abandono, o potencial da costa do nosso concelho não é explorado para gerar valor para a economia local. Os nossos cidadãos não têm motivação para empreender, nem existe movimentação de pessoas suficiente que permita pensar em arriscar em projectos diferenciadores que sejam capazes de gerar receita e trazer reconhecimento ao concelho. Acho mesmo que somos uma ilha: não uma ilha com potencial turístico, mas uma ilha abandonada. Temos Carnaval, pão-de-ló, ria, mar, surf, vela, canoagem, azulejo, tanoaria, olaria, música, gastronomia. Não temos tido a capacidade de gerar interesse. Dizer que temos tudo isto apenas para orgulho próprio não nos capacita para gerar riqueza e valor para um futuro melhor. Temos desequilíbrios nos apoios aos investimentos das nossas freguesias: todas as freguesias têm necessidades diferentes e não podemos simplesmente abandonar algumas delas. Cada sítio tem uma identidade própria que deve ser preservada e protegida. Num mundo cada vez mais digital, padronizado e global, a essência de cada sítio é o segredo do sucesso.
Leia o artigo na íntegra na edição nº393 do nosso jornal.