O movimento político Agir, candidato à Câmara Municipal de Ovar e às Juntas de Freguesia do concelho, lançou na semana passada um vídeo nas redes sociais gravado na Praia do Furadouro, no qual critica as actuais intervenções de defesa costeira e exige medidas “curativas” para travar a erosão marítima.
No vídeo, divulgado no âmbito do Dia Europeu do Mar, o movimento denuncia o que considera ser uma estratégia de “cuidados paliativos” na protecção da praia, referindo-se à colocação de pedras como solução de emergência, em vez de se apostar na reposição de areia e na recuperação do areal. O Agir defende que “merecemos ter praia com areia” e sublinha que “defender o Furadouro não se faz só com pedras, é mero cuidado paliativo”.
A crítica surge numa altura em que a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) prepara uma intervenção de 3 milhões de euros para reforço das defesas aderentes e reabilitação dos esporões no Furadouro, uma das zonas do país mais afectadas pela erosão costeira. Os trabalhos, que deverão arrancar no próximo ano, incluem a reabilitação das muralhas de pedra, consideradas fundamentais para retardar o avanço do mar, mas a autarquia de Ovar continua a aguardar pela prometida reposição do areal, prevista há quase uma década.
O movimento Agir compara a situação do Furadouro com a da Figueira da Foz, onde a APA acaba de adjudicar a “maior intervenção de alimentação artificial de praia alguma vez realizada em território nacional”, num investimento de 21,1 milhões de euros. A obra, que arranca até ao final de Junho, prevê a transferência de 3,3 milhões de metros cúbicos de areia para as praias a sul do concelho, com o objectivo de repor a linha de costa aos níveis de 2011 e combater os efeitos da erosão costeira.
No comunicado que acompanha o vídeo, Agir exige “equidade” nas soluções para a defesa costeira e apela ao novo Governo para que trate o Furadouro “com o mesmo respeito e planeamento” que está a ser aplicado na Figueira da Foz. O movimento recorda ainda o papel do professor e ambientalista Álvaro Reis, que há anos defende a alimentação artificial das praias do concelho com base em ciência e planeamento.
A erosão costeira tem sido tema recorrente na agenda política de Ovar, com autarcas e movimentos locais a alertarem para o agravamento da situação e a necessidade de medidas estruturais. O presidente da Câmara, Domingos Silva, já afirmou que “só com engenharia pesada e com a reposição de areia – têm de ser aqui colocados muitos milhões de metros cúbicos de areia – é que voltaremos a ter o Furadouro como a praia que já foi e que todos queremos”.
Enquanto a Figueira da Foz avança com uma solução de grande escala, em Ovar mantém-se a expectativa de que a reposição de areia, há muito prometida, venha finalmente a ser concretizada.